Felicidade

Aqui estou novamente, quebrado… Sinto meu corpo anestesiado pelo álcool novamente, os dias, eles passam despercebidos por mim, como aqueles velhos amigos que passam caminhando do outro lado da rua.
A vida tem me servido com angústia, como violinos distorcidos e mal afinados harmonizando com a confusão, o barulho e a melancolia, logo não serei o único a ouvir essa sinfonia, poie eles estão vindo para me fazer companhia, os pensamentos partidos, os fatos rasgados da minha pele frágil, a violência… Sinto arder dentro de mim, como as chamas do inferno que me aquecem nas noites que me perco entre a penumbra da minha velha casa e a completa escuridão que reside dentro de mim.
Mas existe algo nessa sinfonia, algo novo, algo que eu nunca tive antes… Raiva, ódio… São as notas mais graves, equidistantes entre a lucidez e a completa loucura. Penso na mistura da ficção e realidade, mas para mim a ficção nunca existiu. Olhe para mim, banhado de sangue, olhando no espelho, esperando por algo que nunca irá acontecer, esperando que o sangue no meu corpo acabe, que meu corpo esfrie e que eu morra. Um soco no espelho… Estilhaços por todo banheiro se misturam com o sangue que pintara o chão á alguns minutos.
A falta de dor… A falta de sentimentos, estou morto eu penso, estou morto… Mas não, eu estou melhor do que morto, pois ainda sei que falta pouco para ficar ainda pior. Os cães do purgatório me morderam, eles têm sangue nos dentes e olhos vermelhos, além do ódio no coração que um dia foi um coração normal, pulsante e cheio de sentimentos. Estou infectado, estou me tornando um deles, minhas lágrimas matam pessoas, minhas palavras também, logo eu serei um assassino, um demente, um louco, um perfeito demônio, porque agora eu sou tudo aquilo que eu temia, eu sou tudo o que não existe, mas existo para provar minha inexistência… Mas aqui estou novamente.