Se eu fosse

Se eu fosse um pássaro,

Eu seria daqueles que caem do ninho,

Iria ser largado por aí,

No mundo sozinho,
Mas a diferença entre mim,

E um passarinho,

É que eu não como minhoca,

E nem moro em um ninho.
Se eu fosse uma caneta,

Estaria quase sem refil,

A vontade de me jogar na lixeira,

Estaria por um fio.
Mas a diferença entre mim,

E essa caneta barata de feira,

É que estou mais vazio que ela,

E que não caberia na lixeira.
E se a minha vida fosse,

Um guardanapo de lanchonete,

Estaria amassado,

E grudado em um chiclete.
No chiclete da garota,

Que caiu no chão,

Porque não amarrou os cadarços,

E andou sem prestar atenção.
E se eu fosse violão,

Iria estar desafinado,

Ali no canto jogado,

Esquecido e quebrado.
Mas a diferença,

É que nunca vou me desafinar,

Estou sempre afinado,

Mas ninguém quer me tocar.
E se a minha vida fosse uma nota,

Ela não seria uma só,

Ela seria do-ré-mi-fá

Mas meu amor não tenha dó.